Fluir Terapias Integradas

Diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo

Diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo

Vamos continuar nossa conversa sobre o Autismo?

Se você ainda não leu o nosso último post, onde falamos sobre a trajetória histórica do autismo, fica aqui o convite para acessá-lo. [Clique aqui para ler]. Entender como o conceito do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) foi construído ao longo do tempo nos ajuda a compreender os desafios atuais e a importância de ampliar o nosso olhar sobre esse tema.

Hoje, vamos conversar sobre um ponto fundamental: o diagnóstico do autismo.

Retomando a última frase do nosso texto anterior:
“É fundamental lembrar que uma pessoa com autismo pode ter diferentes níveis de inteligência, qualquer condição de saúde, diferentes estilos de aprendizagem, habilidades ou dificuldades específicas de processamento sensorial.”

Essa afirmação revela a amplitude e diversidade que existem dentro do espectro do autismo, e também a importância de um diagnóstico criterioso, sensível e individualizado.

O TEA é classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento – ou seja, está relacionado ao desenvolvimento atípico do sistema nervoso, especialmente nos primeiros anos de vida. Mas é importante reforçar: o autismo não é uma doença. Portanto, não se fala em cura, e sim em compreender as características de cada indivíduo e oferecer os apoios e intervenções mais adequados para que ele possa se desenvolver com qualidade de vida, autonomia e bem-estar. Além disso, o autismo é um transtorno multifatorial, o que significa que não existe uma única causa. Pesquisas apontam que fatores genéticos desempenham um papel importante, mas também existem influências ambientais envolvidas. No entanto, a ciência ainda não identificou um marcador biológico único que possa ser usado como teste definitivo para o diagnóstico. Por isso, o diagnóstico é clínico, baseado na observação do comportamento, na escuta da família e na análise do desenvolvimento da criança, à luz dos critérios propostos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª edição).

De acordo com o DSM-5, para que o diagnóstico de TEA seja estabelecido, é necessário que a criança apresente:

  1. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social, em diferentes contextos. Isso inclui dificuldade em iniciar ou manter uma conversa, compreender regras sociais implícitas, responder de forma adequada a interações, manter contato visual, demonstrar empatia, entre outros aspectos.
  2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, como movimentos repetitivos (ex: balançar o corpo, bater as mãos), apego excessivo a rotinas, interesses intensos e específicos.

Pode ou não apresentar alterações no processamento sensorial (hipersensibilidade ou baixa resposta a sons, cheiros, texturas etc.).

Essas características devem estar presentes desde os primeiros anos de vida, mesmo que só se tornem mais evidentes com o tempo, e precisam provocar prejuízo significativo na vida da criança, seja em casa, na escola ou em outros ambientes sociais. Vale destacar que nenhum sinal, por si só, é exclusivo do autismo. Crianças pequenas podem apresentar comportamentos repetitivos, demorar a falar ou preferir brincar sozinhas por diferentes razões. É o conjunto de sinais, sua intensidade, frequência e impacto funcional que deve ser cuidadosamente avaliado por uma equipe multidisciplinar — geralmente composta por médico, psicólogo, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, entre outros. Outro ponto importante: o espectro do autismo é extremamente heterogêneo. Isso quer dizer que não há uma única forma de ser autista. Existem pessoas com TEA que têm linguagem verbal fluente e autonomia na vida diária, enquanto outras podem precisar de apoio intenso para se comunicar, realizar atividades básicas e interagir com o mundo. Por isso, o diagnóstico não é um rótulo, mas sim um ponto de partida para entender melhor as necessidades específicas daquela criança ou pessoa, e oferecer estratégias que favoreçam seu desenvolvimento.

Nos próximos posts, vamos falar mais sobre o processo de avaliação, os profissionais envolvidos e os caminhos possíveis de intervenção e suporte. Fica com a gente nessa jornada de conhecimento e empatia!

Cibelle Amato é fonoaudióloga da Clínica Fluir Terapias Integradas

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