Fonoaudiologia
Gagueira
A gagueira geralmente surge entre 2 e 4 anos de idade, mas pode aparecer um pouco mais tarde. Muitas crianças pequenas (5% da população) apresentam disfluências temporárias, no entanto, algumas (1%) permanecem com gagueira de forma crônica. Diferenciar as crianças que irão ou não superar esta gagueira inicial de forma espontânea não é uma tarefa fácil. Portanto, um fonoaudiólogo experiente na área deve ser consultado sempre!
O fonoaudiólogo especializado em Fluência avalia a fala da criança, caracteriza o tipo de disfluência (pausas, repetições, bloqueios, prolongamentos), analisa os fatores de risco presentes, orienta a família e a escola e, se necessário, realiza a terapia fonoaudiológica com a criança.
Adultos que gaguejam também podem se beneficiar da fonoterapia, aprendendo a reduzir a força durante a fala, a usar uma velocidade de fala mais confortável, aumentando os momentos de fala fluente e diminuindo o impacto da gagueira em sua comunicação.
Fissura Labiopalatina e/ou Disfunção Velofaríngea
A fissura labiopalatina é uma má formação congênita que pode ocasionar problemas estéticos e funcionais, como dificuldades na amamentação e na fala. Seu tratamento é feito por etapas e exige a atuação de profissionais de diferentes especialidades.
O fonoaudiólogo atua nas diferentes fases do tratamento de pessoas com fissura labiopalatina. Realiza atendimento a gestantes com diagnóstico ultrassonográfico de fissura de lábio e/ou palato – com esclarecimentos, orientações e encaminhamentos; acompanha bebês nas áreas de alimentação, hábitos orais, audição, fala e linguagem; previne alterações na fala (articulações compensatórias); realiza avaliação clínica da função velofaríngea (FVF) e, quando necessário, participa de exames de nasofaringoscopia, colaborando no diagnóstico velofaríngeo e definição de conduta; realiza terapia de fala com procedimentos específicos para correção de articulações compensatórias e sistematização do fechamento velofaríngeo.
Alterações de Fala
Nem toda criança fala errado e existem processos fonológicos característicos de cada faixa etária. É importante identificar se a alteração de fala presente é ou não esperada para a idade da criança. Falar errado, além de prejudicar a comunicação da criança, pode afetar sua autoestima e dificultar o processo de alfabetização. Quanto mais cedo for feita a intervenção fonoaudiológica, menores serão os prejuízos para a criança.
Adultos podem apresentar distorções na fala, o que costuma causar constrangimento em sua vida acadêmica e profissional, podendo também se beneficiar da fonoterapia.
Apraxia de Fala na Infância
A apraxia de fala na infância (AFI) é um transtorno motor de fala. É uma desordem neurológica que afeta os sons da fala em relação à inconsistência e imprecisão durante as emissões. As principais características são erros inconsistentes na produção de vogais e consoantes, alteração na coarticulação entre as sílabas de uma mesma palavra ("movimentos interrompidos por pausas") e alteração de prosódia.
Além da AFI existem outros subtipos de transtornos motores, como o atraso motor de fala e a disartria.
O fonoaudiólogo é o profissional capacitado para fazer o diagnóstico diferencial dessas alterações.
Linguagem Oral
Crianças geralmente começam a falar as primeiras palavras por volta dos 12 meses de idade, ao redor dos 18 meses apresentam um vocabulário entre 20 e 50 palavras e aos 2 anos de idade formam frases simples com 2 ou 3 palavras. Aos 3 anos as crianças são capazes de formar frases maiores e mais complexas e aos 4 anos já pronunciam quase todos os sons corretamente. Se seu filho estiver demorando para falar as primeiras palavras ou a formar frases, não espere, procure um fonoaudiólogo.
O fonoaudiólogo, a partir da entrevista com a família e da observação da interação da criança com brinquedos e familiares, irá analisar se há algum fator contribuindo para o atraso de linguagem (auditivo, emocional, cognitivo, neurológico ou ambiental). Dependendo do caso, irá acompanhar o desenvolvimento da criança ou iniciar a fonoterapia visando estimular o desenvolvimento da linguagem. Orientações à família, aos cuidadores e à escola são também muito importantes. Se necessário, o fonoaudiólogo irá encaminhar o paciente para outros profissionais ou solicitar exames complementares.
Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que tem entre suas características o comprometimento da comunicação social. Os primeiros sinais aparecem no início do desenvolvimento infantil, mas, nem sempre são fáceis de serem percebidos. Por isto é muito importante o acompanhamento próximo do desenvolvimento inicial da criança, considerando os marcos do desenvolvimento das áreas de linguagem, cognição, motora e socioemocional. Sempre que houver dúvida ou desconforto quanto ao percurso do desenvolvimento é recomendado buscar uma avaliação profissional.
O fonoaudiólogo participa da investigação diagnóstica e atua na ampliação das habilidades comunicativas, considerando a funcionalidade da linguagem e os diversos interlocutores envolvidos no processo de comunicação.
Respiração Oral
A respiração pela boca, conhecida como respiração oral, inicia-se geralmente a partir de um processo obstrutivo do nariz. Em crianças, as causas mais frequentes são o aumento das tonsilas (adenóide e/ou amígdalas) e a presença de alergias respiratórias (rinite). Mesmo depois de sanada a causa, a criança pode manter a respiração oral por hábito. Respirar pela boca por muito tempo durante a infância pode causar uma série de consequências para a criança, como alterações na oclusão dentária e no crescimento da face, distorções na fala, problemas no sono e, inclusive, dificuldades de aprendizagem. Solucionada a causa da obstrução respiratória, pode ser necessário acompanhamento fonoaudiológico para reeducação da respiração nasal, fortalecimento da musculatura da boca e face e adequação dos padrões de mastigação, deglutição e fala.
Dificuldades de Leitura e Escrita
Nas dificuldades de leitura e escrita, as crianças podem apresentar déficits tanto de decodificação fonológica como de compreensão da linguagem oral e/ou escrita. Estas dificuldades podem ocorrer quando a percepção dos sons não está tão clara, podendo surgir trocas de letras, dificuldade em identificar a correspondência de um som para uma figura e/ou grafema, ou dificuldade de compreensão do conteúdo. É possível observar também o surgimento de dificuldades no processo de aprendizagem.
Quaisquer desses sintomas demandam acompanhamento e atenção de um fonoaudiólogo.
Introdução Alimentar
A introdução alimentar é o período de apresentação de novos alimentos e consistências, além do leite materno ou fórmula infantil. Nem sempre é fácil decidir pela melhor forma de apresentação dos alimentos: papinha, pedaços, com a colher, com as próprias mãos do bebê.
O fonoaudiólogo auxilia as famílias a identificar os sinais de prontidão do bebê para a alimentação e a melhor abordagem (tradicional, participativa, BLW) para o dia-a-dia da família, buscando garantir segurança na transição das consistências e uma boa relação com os alimentos, estimulando o desenvolvimento da musculatura orofacial e evitando dificuldades alimentares, que muitas vezes se iniciam nesse período.
Hábitos Orais
Os hábitos orais como a sucção de chupeta ou dedo, dependendo de sua frequência, intensidade e duração, bem como do tipo facial do paciente, podem acarretar alterações na oclusão dentária e distorções na fala. O fonoaudiólogo atua em conjunto com a família visando auxiliar na retirada gradual destes hábitos prejudiciais.
Em adolescentes e adultos, hábitos como roer unhas (onicofagia), apertar ou ranger os dentes (bruxismo) podem causar alterações dentárias, dores faciais e/ou cefaleia, além de disfunção nas articulações temporomandibulares (ATM). Nestes casos, o fonoaudiólogo auxilia na eliminação dos hábitos e na adequação da musculatura e das funções orofaciais envolvidas.
Ronco e Apneia Obstrutiva do Sono
A presença de ronco, sensação de sufocamento ao dormir, sono agitado, despertares noturnos, sonolência excessiva ao longo do dia, dificuldade de atenção e concentração, são alguns dos sinais de apneia obstrutiva do sono. Esta, se não tratada adequadamente pode impactar na qualidade de vida e trazer graves consequências para a saúde.
Alguns casos se beneficiam muito da atuação fonoaudiológica. O fonoaudiólogo atua com exercícios específicos visando adequar as funções oromiofuncionais (respiração, mastigação e deglutição), e fortalecer a musculatura orofacial, em especial de língua e palato mole, relacionada com a obstrução das vias aéreas superiores durante o sono.
Disfunção Tubária
O mau funcionamento da tuba auditiva dificulta a aeração da orelha média e o equilíbrio entre a pressão externa e a interna do ouvido, trazendo sensação de ouvido tapado e predispondo ao acúmulo de secreção na orelha média.
O fonoaudiólogo, por meio de exercícios oromiofuncionais pode melhorar o funcionamento da tuba auditiva e, consequentemente, prevenir otites e perda auditiva do tipo condutiva.
Dificuldades Alimentares
Algumas crianças apresentam dificuldade na aceitação dos alimentos e/ou transição de texturas desde o período de introdução alimentar, outras deixam de aceitar alimentos que consumiam anteriormente. Dessa forma as famílias acabam insistindo ou forçando para que aceitem alguns alimentos, ou deixando de oferecê-los para evitar situações de estresse durante a alimentação.
As dificuldades alimentares são bastante comuns e encará-las como uma fase pode ser um grande erro.
O fonoaudiólogo busca identificar a causa desta dificuldade, além de avaliar as condições motoras-orais para a mastigação e deglutição das diferentes consistências, buscando, em conjunto com outros profissionais e a família, criar uma boa relação com os alimentos e assegurando uma alimentação segura e confortável.
Distúrbios do Sono
O sono é uma função biológica fundamental na consolidação da memória e na conservação e restauração de energia. Devido a essas importantes funções, as perturbações do sono podem acarretar alterações significativas no organismo, em adultos e crianças, como indisposição física, alterações cognitivas (dificuldades de atenção, concentração e memória) e sociais (distúrbios de humor, comunicação e sociabilização). Nos adultos, em especial, podem ainda contribuir para o surgimento ou agravamento de doenças como hipertensão arterial, arritmia cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto.
O fonoaudiólogo certificado em sono atua na avaliação, orientação e, junto com equipe multiprofissional, define a melhor conduta terapêutica ao paciente, além de realizar o acompanhamento do tratamento de escolha. Em casos de distúrbios respiratórios este tratamento pode ser realizado com exercícios de adequação da musculatura orofacial, isolados ou associados ao CPAP (aparelho de pressão aérea positiva) ou AIO (aparelho intraoral) e acompanhamento de tratamento somente com CPAP. Em casos de insônia e distúrbios de ritmo em sono é proposta a adequação de hábitos e rotinas de sono por meio de técnicas de autoconhecimento Mindfulness (ver em terapias integrativas complementares). Os atendimentos são individuais e podem acontecer em formato presencial ou online.