Toda criança é um ser em constante movimento. Desde os primeiros meses de vida, exploram o mundo através do toque, do olhar, do engatinhar, do andar. É por meio do movimento que nos desenvolvemos, aprendemos e expressamos nossos pensamentos e emoções, seja falando, escrevendo, dançando, cantando, jogando, brincando…
Ao nascer, ou melhor, mesmo antes, ainda no útero materno, nosso corpo vai amadurecendo e, a partir dos estímulos que recebe do ambiente e das relações que estabelece com o outro, aprende a cultura humana e aprimora habilidades cada vez mais complexas.
Na infância, o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor acontecem de forma integrada e são a base para qualquer aprendizado. Para que o percurso da aprendizagem seja fluido e crescente é preciso que o desenvolvimento neuropsicomotor tenha acontecido de forma gradual, evolutivo e efetivo em todos os seus aspectos.
Ultimamente vemos muitas crianças paradas diante de telas, com pouco espaço em casa ou pouco contato com a natureza, com agendas lotadas de atividades, muitas delas focadas apenas no cognitivo e pouco corporais, ou se são atividades físicas, são pautadas para a boa performance. Tudo isso corrobora para um desenvolvimento neuropsicomotor falho que trará prejuízos no desempenho escolar.
Crianças “molinhas”, “desatentas”, “agitadas demais”, “esquecidas”, “atrapalhadas”, com dificuldade para aceitar regras, sem ânimo, sem autonomia, “com preguiça” são aquelas que, possivelmente, terão alguma dificuldade na escola. Esses sinais, muitas vezes, aparecem cedo, mas não percebemos que esses pontos serão fonte das dificuldades escolares futuras. Cada vez mais os adultos exigem das crianças que fiquem sentadas, quietas e executem atividades em papéis, como se isso fosse o suficiente para aprender. Para a criança chegar ao papel e às questões mais abstratas do aprendizado escolar, é preciso que ela tenha vivido muitos aprendizados no corpo. Cada vivência corporal faz conexões mais fortes no cérebro da criança, mais sólidas, que servirão de base para o aprendizado das matérias escolares.
A Psicomotricidade organiza, por meio do trabalho corporal, o que a criança precisa para aprender: atenção, autorregulação, linguagem, coordenação, conhecimento de si e de suas capacidades e emoções. Portanto, o movimento, a experimentação e a vivência corporal são fundamentais para que as crianças tenham um desenvolvimento saudável e condições para um bom aprendizado. Se a criança apresenta algumas dessas dificuldades é importante investigar a possibilidade de um atraso no desenvolvimento psicomotor. Um profissional de Psicomotricidade pode realizar uma avaliação e, se necessário, propor intervenções que ajudem a criança a superar essas dificuldades. As sessões de Psicomotricidade são lúdicas e divertidas, utilizando jogos, brincadeiras, músicas e atividades corporais que, de forma prazerosa, estimulam o desenvolvimento das habilidades que a criança precisa para aprender.
Sandra Lobo é Psicomotricista e Psicopedagoga da Clínica Fluir Terapias Integradas



