Vamos seguir nossa conversa sobre o Autismo?
Se você ainda não leu os nossos textos anteriores, fica aqui o convite para acessá-los. Já conversamos sobre a trajetória histórica do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e sobre a importância de um diagnóstico criterioso e individualizado. Esses pontos são fundamentais para compreender os caminhos possíveis no cuidado, na educação e no convívio com pessoas autistas.
Hoje, queremos falar sobre avaliação e intervenção no TEA.
Após o diagnóstico, um passo essencial é a construção de um plano de intervenção que considere as necessidades específicas de cada pessoa. O TEA é um espectro, o que significa que há uma grande diversidade de habilidades e dificuldades entre os indivíduos – por isso, não existe um modelo único que funcione para todos.
A avaliação deve ser multiprofissional, envolvendo diferentes áreas do conhecimento (como medicina, psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pedagogia, entre outras), com o objetivo de traçar um perfil individualizado de funcionamento. Essa compreensão é o que orienta a escolha das estratégias de intervenção, que devem ser adaptadas, monitoradas e reavaliadas com frequência.
É importante destacar: não há evidência científica de que exista um único método ou abordagem que seja “o melhor” ou “o mais indicado” para todas as pessoas com autismo. Intervenções baseadas em evidências são aquelas que demonstram resultados positivos por meio de pesquisas sérias e replicáveis, mas mesmo entre essas, a escolha deve considerar o contexto da criança, sua família, seus interesses, possibilidades e necessidades reais.
Outro ponto fundamental diz respeito ao direito ao acesso: o autismo conta com amparo legal no Brasil, especialmente por meio da Lei nº 12.764/2012, conhecida como a Lei Berenice Piana, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Essa legislação garante, entre outras coisas, o direito à educação, à saúde, à inclusão social e ao respeito às individualidades.
A inclusão escolar e social é um direito e uma necessidade. Crianças e jovens com TEA devem estar nos espaços comuns de aprendizagem, convivendo com colegas da mesma faixa etária, com os apoios necessários. Isso favorece não apenas seu desenvolvimento, mas também a construção de uma sociedade mais empática, diversa e respeitosa.
Seguimos juntos nessa jornada de informação, acolhimento e conscientização.
No próximo post, vamos conversar sobre a avaliação e a intervenção fonoaudiológica no TEA – quais são os focos principais, como o trabalho da Fonoaudiologia pode contribuir para o desenvolvimento da comunicação e da linguagem, e de que forma esse processo se articula com os outros profissionais e com a realidade da criança em casa e na escola.
Até lá!
Cibelle Amato é fonoaudióloga da Clínica Fluir Terapias Integradas