A gagueira é um distúrbio da fluência com início na infância que atinge 5% das crianças. O surgimento pode ser abrupto ou gradual e geralmente ocorre entre 2 e 4 anos de idade. É caracterizada pela presença de rupturas no fluxo da fala, como repetições, bloqueios e prolongamentos de sons. Grande parte das crianças que gaguejam supera espontaneamente esta fase, mas algumas poderão gaguejar de forma crônica até a vida adulta se não receberem uma intervenção adequada e a tempo. Fatores como genética, sexo, idade e forma de início da gagueira, tipologia das rupturas, tempo transcorrido desde o início da gagueira e outros distúrbios da comunicação associados, são alguns dos aspectos que precisam ser analisados cuidadosamente por fonoaudiólogos especializados em fluência a fim de se definir a necessidade de intervenção.
Durante muito tempo acreditou-se que não deveríamos conversar abertamente sobre gagueira com crianças que estivessem apresentando rupturas na fala. A consciência a respeito de suas rupturas de fala era vista como causa da gagueira. Ou seja, acreditava-se que uma disfluência típica do desenvolvimento poderia se transformar em gagueira caso as reações dos pais tornassem a criança consciente de suas dificuldades de fala. Desta forma, havia um cuidado extremo de não se tocar no assunto, a chamada “conspiração do silêncio”. Fingia-se que nada estava acontecendo com a fala da criança. Durante muito tempo a própria atuação do fonoaudiólogo com crianças pequenas que gaguejavam era evitada. A conduta era esperar…As consequências foram nefastas. (leia a respeito de outros mitos envolvendo a gagueira)
Felizmente, tudo isso é passado. Estudos mais recentes têm mostrado que crianças bem pequenas que gaguejam dão sinais de que já têm consciência de suas rupturas de fala desde muito cedo e que interferências adequadas o mais próximo possível do momento de surgimento das rupturas, propiciam uma evolução mais satisfatória do quadro. Com a “conspiração do silêncio”, a criança não tem como dar sentido às suas percepções em relação à própria fala. Sentir-se acolhida pelos pais no momento em que percebe que algo não vai bem com a sua fala é muito importante! Buscar ajuda de um profissional especializado em Fluência pode fazer toda a diferença. Este profissional terá possibilidade dar aos pais o respaldo necessário sobre como ajudar a criança que gagueja. (leia sobre outras orientações a respeito de gagueira infantil)
Se você quiser saber mais sobre este assunto consulte o site do Instituto Brasileiro de Fluência (www.gagueira.org.br). Você irá encontrar uma síntese do artigo “Awareness and reactions of young stuttering children aged 2–7 years old towards their speech disfluency” (Boey et al, 2009) comentado pela fonoaudióloga especialista em fluência Eliana Maria Nigro Rocha.