As férias estão chegando e com ela vem a imagem do caos para muitas famílias. Crianças e adolescentes sem compromissos, sono atrapalhado, alimentação descuidada e muito tédio para administrar. A imagem torna-se um cenário aparentemente sem solução, quando acontece a quebra de rotina escolar e a manutenção das atividades laborais dos pais.
O que fazer? Não dá para ser dois ao mesmo tempo, manter a rotina escolar, considerar acampamentos, colônia de férias, tempo para brincar, acionar os avós,… A sobrecarga torna-se tão pesada que dá vontade de pular, desconsiderar qualquer possibilidade. Mas precisa ser assim? Será que não há alternativa entre a rotina e o caos?
As férias podem e devem ser um momento de ressignificação. No qual a flexibilização de alguns compromissos dá espaço para que outras aprendizagens aconteçam. Não é preciso que todas as regras sumam ou que nenhuma flexibilização aconteça. Podemos considerar alternativas que combinem com as possibilidades de cada família.
Podemos considerar um despertar mais preguiçoso e natural, refeições mais demoradas permitindo novos sabores, arriscando novos espaços ou temperos. Quem sabe permitir que aqueles brinquedos mais complexos de montar fiquem montados por alguns dias para que a brincadeira possa expandir. E o tempo de tela, também pode ser negociado? Por que não? Podemos pensar em deslocar para o meio do dia já que não há compromissos escolares e assim preservarmos o cuidado com o sono. Ou ampliamos com a oferta de atividades mais demoradas, porém com a nossa curadoria (filmes, jogos compartilhados,…). Seja qual for o plano, esse é um momento valioso para incentivar atividades que ampliam o repertório das crianças e adolescentes e fortalecem os laços familiares.
Investir em encontros com colegas da escola, do condomínio, primos e familiares são sempre oportunidades enriquecedoras. Mas precisam da parceria dos pais na organização e incentivo. Estas são grandes oportunidades de criação de redes de apoio entre diversas famílias com divisão de tarefas em que todos saem ganhando. Proporcionar esses momentos é fundamental para que crianças e adolescentes desenvolvam habilidades sociais e criem memórias duradouras.
Não só as famílias se reorganizam para as férias, há programações específicas de férias em diversos ambientes culturais e esportivos da cidade. Vale considerar a possibilidade de planejar passeios enriquecedores. Essas experiências não apenas proporcionam lazer, mas também promovem o aprendizado e a curiosidade das crianças e adolescentes. Considere também propor desafios que favoreçam a autonomia e independência, como pequenos deslocamentos usando transporte público ou explorando o espaço caminhando. Rotina mais leve com espaço para recalcular rotas!
Se no seu caso há descompasso entre as férias escolares e os compromissos profissionais pondere que as crianças e adolescentes merecem ter com que se ocupar, mas também precisam ter espaço e tempo para criarem as próprias diversões. O tempo reservado para o ócio, também é valioso e deve ser respeitado. Ainda haverá os finais de semana para programas especiais fora da rotina. Afinal a ideia é partilhar tempo e criar momentos significativos juntos. Só isto já dará sentido às férias.
Penso que há muitas possibilidades entre a rotina e o caos que poderão fazer das férias uma oportunidade única para fortalecer vínculos, promover desenvolvimento, além de criarem memórias inesquecíveis para todos os envolvidos. Seja como for, o importante é acreditar que as férias são importantes e deve ser valorizada por todos.
Boas férias em família!!!
Cibelle Amato é fonoaudióloga da Clínica Fluir Terapias Integradas