Quando uma criança apresenta algum problema em seu percurso escolar, é preciso avaliar se isso é uma dificuldade no processo de aprendizagem ou se é um transtorno de aprendizagem. Isso é importante para o planejamento adequado do trabalho a ser desenvolvido para que ela supere esses obstáculos. Mas, como diferenciar dificuldade de transtorno?
O cérebro é o órgão da aprendizagem. Para que ela ocorra de forma satisfatória é preciso que as funções neurobiológicas estejam preservadas, que os estímulos socioambientais sejam adequados e que fatores psicoemocionais estejam bem desenvolvidos. Dessa forma, o cérebro processará bem os estímulos recebidos e se desenvolverá adequadamente.
As dificuldades de aprendizagem acontecem por problemas nos estímulos externos, por questões emocionais ou ambientais. Metodologias de ensino inadequadas para determinadas crianças, trocas de professores, mudanças de escola, bullying, problemas familiares ou outras questões emocionais podem gerar uma dificuldade de aprendizagem. Já os transtornos, ocorrem por alguma disfunção cerebral, ou seja, um problema no funcionamento do cérebro ou do processamento dos estímulos sensoriais. O processamento de determinadas informações ocorre de forma diferente do habitual nestes casos.
Se uma criança não está aprendendo como a maior parte do grupo de mesma faixa etária, são necessários uma avaliação e um trabalho terapêutico com um psicopedagogo que irá identificar as causas das dificuldades e propor mudanças necessárias para a superação delas, encontrando novos caminhos para a aprendizagem.
Mas, se as dificuldades permanecerem mesmo após as intervenções, a criança precisará de avaliações específicas para identificar se há alguma questão neurológica envolvida. Nestes casos, outros tipos de intervenções serão necessárias para dar suporte à criança em seu desenvolvimento. Alguns dos transtornos mais conhecidos são a dislexia e a discalculia.
Atualmente há uma busca muito grande por nomes que definam as dificuldades que enfrentamos e nos coloquem em “caixinhas categorizadas”. É preciso ter cautela e buscar a avaliação de profissionais cuidadosos e de confiança.
O mais importante é sabermos que todos podem aprender e que cada um precisa de um olhar atento e acolhedor para poder encontrar a melhor forma de avançar.
Sandra Lobo é psicopedagoga da Clínica Fluir Terapias Integradas