O que é a gagueira
A gagueira é um distúrbio da comunicação que se inicia na infância durante a aquisição da linguagem e altera o ritmo da fala. Ela se manifesta de forma involuntária, ou seja, não depende da vontade da criança, e é intermitente, com momentos de melhora e piora. A criança sabe o que quer falar, mas tem dificuldade na fala devido às frequentes repetições, bloqueios, prolongamentos, hesitações e/ou pausas.
Por exemplo, no caso das repetições a criança pode ficar repetindo uma palavra muitas vezes (eu, eu, eu, eu), uma sílaba (que-que-quero), ou um som (s-s-sou). No caso de bloqueios, o som fica “preso” e demora para sair. O som pode também ser alongado causando os prolongamentos (sssssssssim). Pode ainda, apresentar muitas hesitações (humm, ãh, é, né), usar pausas longas entre as palavras e, até mesmo, levar a criança a desistir de falar.
Estudos mostram que 5% das crianças podem apresentar algum grau de gagueira. Destas, a grande maioria irá superá-la espontaneamente, mas 1% da população desenvolverá uma forma crônica de gagueira, se não for tratada precocemente.
Como não é fácil prever se uma criança conseguirá superar sozinha a gagueira, consultar um fonoaudiólogo especializado em fluência, para uma avaliação, é sempre o melhor caminho! Nem sempre existe a necessidade da fonoterapia. Muitas vezes, o trabalho de orientação à família focando na promoção da fluência é suficiente para que a criança supere essas dificuldades.
A gagueira surge entre 2 e 12 anos de idade, sendo os maiores picos de incidência entre 2 e 4 anos e ao redor dos 7 anos. Mais raramente temos os primeiros sintomas surgindo após os 9 anos de idade.
Qual é a causa da gagueira?
Nas últimas décadas, a Ciência tem avançado muito no que diz respeito às causas da gagueira. Sabe-se que ela tem uma base neurobiológica com forte influência genética. A causa não é emocional, nem insegurança, ou timidez da criança, muito menos culpa dos pais!
Quando devo procurar um especialista?
Mais importante do que a idade da criança é o tempo em que ela vem gaguejando e as características de sua fala.
O ideal é procurar um fonoaudiólogo especializado em fluência caso a gagueira persista por mais de 2 meses. Nos casos em que os sintomas são intermitentes, isto é, passam depois de algumas semanas, mas voltam a aparecer, também deve-se procurar orientação.
Quando a gagueira vem acompanhada por esforço/tensão para falar, por movimentos como levar as mãos à boca, bater os pés ou piscar os olhos, é um sinal de que a criança está precisando de ajuda, mesmo que tenha pouca idade e os sintomas tenham surgido há apenas algumas semanas.
O que pode prejudicar a gagueira do meu filho?
– Pedir para a criança parar, respirar e pensar antes de falar.
– Dizer para falar devagar ou começar de novo.
– Interromper a criança e completar o que ela está falando.
– Apressar a criança quando ela estiver tentando falar.
– Forçar a criança a se expor ou falar em público.
– Falar muito rápido com a criança.
– Bombardeá-la com perguntas, como se fosse um interrogatório.
Como posso ajudar o meu filho?
– Seja um bom modelo de fala para seu filho: fale de forma suave, tranquila e em um ritmo mais lento, mas sem perder a naturalidade da fala.
– Espere a criança terminar de falar e evite responder imediatamente. Aguarde 1 a 2 segundos antes de responder.
– Converse com a criança respeitando as trocas de turno. Se você tiver outros filhos ensine-os a falar cada um na sua vez, sem interromper a fala do outro.
– Promova um ambiente familiar cooperativo, sem incentivo às disputas e competições.
– Cante músicas infantis, recite poesias e parlendas, ou conte histórias para a criança, articulando bem os sons e com uma boa entonação, sempre de forma suave e devagar.
– Torne o ambiente da casa e a rotina da criança mais calmos.
– Preste mais atenção ao conteúdo do que a criança está falando do que às rupturas presentes em sua fala. Mantenha contato de olho de forma natural durante as conversas com a criança.
Saiba mais sobre este assunto em www.gagueira.org.br.