A gagueira é uma alteração da fluência da fala envolta em muitas crenças e mitos, o que pode atrasar a busca por tratamento adequado. A melhor postura dos pais frente a uma dificuldade de seu filho é estudar e se informar sobre o assunto com especialistas na área. Vale a pena ler e entender sobre estes mitos.
1)
O mito: A gagueira é um hábito adquirido por imitação.
A verdade: Ninguém adquire a gagueira por conviver com uma pessoa que gagueja. A gagueira surge em crianças que, de alguma forma, apresentam uma predisposição genética ou cerebral para tal.
2)
O mito: A criança gagueja porque quer chamar a atenção dos pais.
A verdade: A gagueira é involuntária. A criança não gagueja porque deseja ou porque quer chamar a atenção de seus pais.
3)
O mito: A criança começou a gaguejar depois do nascimento do irmão, porque ficou com ciúmes dele.
A verdade: A aparente relação entre o início da gagueira e o nascimento de um irmão é mera coincidência. A gagueira geralmente surge por volta dos 2-3 anos de idade, época em que em muitas famílias há o nascimento de outro filho.
4)
O mito: A criança começa a gaguejar por excesso de cobrança dos pais.
A verdade: Os pais não são os responsáveis pela gagueira de seus filhos, embora algumas atitudes possam piorar a gagueira (p. ex. dizer para a criança parar, pensar antes de falar ou ficar calma). O ambiente familiar desempenha papel importante na recuperação da gagueira, mas não no surgimento. Por isso, é muito importante que os pais adotem atitudes que promovam a fluência.
5)
O mito: A criança gagueja, porque pensa mais rápido do que fala.
A verdade: A velocidade do pensamento não pode ser a causa da gagueira, porque todo mundo pensa mais rápido do que fala e nem todos gaguejam.
6)
O mito: Nervosismo, ansiedade, insegurança, timidez e baixa autoestima causam gagueira.
A verdade: Fatores psicológicos não são a causa da gagueira, mas podem agravá-la. Algumas pessoas com gagueira podem apresentar ansiedade, insegurança, timidez e/ou baixa autoestima para falar, como consequência de experiências comunicativas negativas e não o inverso.
7)
O mito: Se a criança começar a gaguejar, é melhor fazer de conta que nada está acontecendo para que ela não tome consciência do problema.
A verdade: Desde muito cedo a maioria das crianças percebe que algo diferente está acontecendo em sua fala. Falar abertamente sobre sua gagueira fará com que ela sinta o apoio dos pais e abertura para falar sobre suas dificuldades. A “conspiração do silêncio” em torno da gagueira pode contribuir para aumentar as dificuldades.
8)
O mito: Se a criança começou a gaguejar, é só esperar que passa.
A verdade: Boa parte das crianças que começa a gaguejar melhora espontaneamente até 3 meses após o início das rupturas. Contudo, se surgir de forma muito intensa, ou persistir além deste período, é fundamental realizar uma avaliação com fonoaudiólogo especializado em fluência. A intervenção precoce especializada é a melhor conduta.
9)
O mito: Ajuda dizer à criança que está gaguejando para ficar calma, relaxar, respirar fundo ou pensar antes de falar.
A verdade: Tais conselhos não promovem fluência, além de poder aumentar as rupturas. Reações úteis são esperar a criança terminar de falar, não completar sua fala e procurar falar com ela de modo mais calmo, lento e articulado.
10)
O mito: Obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula faz com que ela perca a timidez e o medo de falar.
A verdade: A timidez e o medo de falar podem ser consequências e não a causa da gagueira. Em geral, a criança sabe que poderá gaguejar e que não consegue impedir que isto ocorra. Obrigar a criança a ler em voz alta na sala de aula pode contribuir para piorar o problema. Ler em coro com o grupo pode ser uma boa estratégia de treino de leitura.
* Baseado em Merlo S, Silva H e Ribeiro IM.
Saibam mais sobre estes mitos em www.gagueira.org.br